E sobre ele que eu nunca escrevi ...
Porque se eu dissesse que sim, ele diria que não
Se eu tivesse razão, ele estaria errado e se eu estivesse errada, ele
teria razão
Porque nós não poderíamos ter razão ao mesmo tempo
E mesmo que os dois estivessem
certos, falávamos de jeitos diferentes para parecer que o meu certo era o
errado dele e que o errado dele era meu certo.
Sobre ele eu nunca escrevi ...
Porque se eu quisesse sair, ele queria ficar
Mas se eu dissesse "não vem", ele vinha.
Porque ele adorava me contrariar e eu deixava ele pensar que eu não
queria ser contrariada
Eu nunca escrevi sobre ele porque não era nem pra ter começado
Mas eu deixei ficar, e ele deixou ir ficando
A nossa teimosia era tão grande que
mesmo sabendo que não era, a gente fazia ser
Era a única vez que concordávamos.
Eu nunca escrevi porque não tinha explicação e tão confuso quanto o que
eu acabei de escrever éramos nós.
Parecia o avesso do lado certo, uma cambalhota de pé, o topo do fundo e
o fundo do raso.
Mas assim, sem fazer sentido, acabou criando um sentido próprio
É aí que a gente se dá conta que, mesmo sabendo que não é pra ser, isso
não impede de ter sido
Muito menos impede de deixar saudade
Então como dois opostos fariam eu sigo pra um lado, ele segue pra outro
Mas isso não impede de um dia termos estado embaixo do mesmo lençol,
ouvindo a mesma música e concordando em não discordar por alguns minutos ...
Isso nunca nos impediu.
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